sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Relatório de Prática Docente


OS DEZ ASPECTOS – CHAVE DE UMA EDUCAÇÃO INFANTIL DE QUALIDADE, SEGUNDO ZABALZA.

Relatório de Prática docente, realizado na Creche XXX situada no Município do Rio de Janeiro e na turma de Educação Infantil da Escola Municipal XXX situada no município de Duque de Caxias apresentado pela aluna Cecília Maria Barros de Alcântara, em cumprimento da disciplina Prática Docente VII, na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (UERJ).


INTRODUÇÃO


“A função da escola maternal não é ser um substituto para uma mãe ausente, mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da criança, só a mãe desempenha. Uma escola maternal ou jardim de infância, será possivelmente considerada, de modo mais correto, uma ampliação da família ‘para cima’, em vez de uma extensão ‘para baixo’ da escola primária.”
(WINNICOTT, 1982, p. 214)

A Educação Infantil surgiu quando as mulheres precisaram buscar seu espaço no mercado de trabalho. Por isso, a educação das crianças de 0 a 6 anos desempenha um importante papel social. Entretanto, não pode ser considerada substituta das mães, o que acarreta uma confusão de papéis acerca da função da Educação Infantil. Por um lado, provoca uma desvalorização dos profissionais que atuam neste nível de ensino; considerando-se que estes educadores não precisam de uma sólida formação teórico-prática, basta que saibam cuidar adequadamente do bem-estar físico das crianças, evitando sujeira, doença ou bagunça. Por outro lado, considera-se que esta é uma “extensão para baixo” da escola fundamental, onde as crianças devem ser treinadas para o acesso à primeira série. Os educadores, desta forma, também não precisam de sólida formação (são menos qualificados que os de outros níveis de ensino), e devem ser mais sóbrios na relação com as crianças, para facilitar a adaptação destas na 1ª série.

Já no Brasil, essa expansão ocorre da mesma forma que no mundo nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos.

O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil é pautado atualmente, na política da ¨escola é para todos¨. Com isso, há uma maior demanda de creches e escolas de Educação Infantil no nosso país, procurando atender as crianças nessa faixa etária.

Atualmente, essa preocupação ocorre devido a preocupação com o desenvolvimento cognitivo em relação ao processo de aprendizagem que as experiências educacionais podem proporcionar as crianças neste tipo de instituição.
Assim, segundo o REFERENCIAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, a instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.
Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil.

DESENVOLVIMENTO

O presente relatório foi feito durante estágio realizado na Creche Municipal XXX no município do Rio de Janeiro.

A Creche Municipal XXX, possui um efetivo de 140 alunos, com idades variando de oito meses a quatro anos, instalada neste local desde o governo do então prefeito da época, srº Luiz Paulo Conde.

Esta instituição liderada por sua diretora Srª XXX, está construindo o PPP que está embasado nos livros, A prática do planejamento participativo¨ de Danilo Gandin e ¨Planejamento na sala de aula¨ de Danilo Gandin e Carlos L. Carrilho Cruz.

A constatação de que ainda hoje existem pré-escolas permitindo o uso de livros e exercícios gráficos, cuja única preocupação é a de treinar a coordenação motora, é uma realidade. Felizmente, em contra partida, há um número cada vez maior de educadores que vem se libertando dessas práticas mecanicistas, eles sabem que a repetição de exercícios descontextualizados, para desenvolver a ¨coordenação motora fina¨, não é o melhor caminho para se chegar ao conhecimento das capacidades intelectuais envolvidas na aprendizagem da leitura e da escrita. Sabem que aprender matemática não é decorar a tabuada, mas construir cognitivamente a noção de número e trabalhar inteligentemente com ele.

Dessa forma, a instituição em que foi feito o relatório não leva em conta esse tipo de metodologia, tendo sua base numa filosofia ligada à integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social via linguagem musical. Segundo sua diretora, o exercício do cantar e do brincar, são imprescindíveis para que as crianças se percebam, se expressem e se movimentem de forma global no decorrer do seu desenvolvimento.


1 – Organização dos espaços:

Sendo esta, uma instituição de educação do Município do Rio de Janeiro, correspondem as necessidades básicas como; salas amplas e arejadas, banheiros de fácil acesso e adaptados aos pequenos usuários, área de circulação em volta do edifício ampla espaçosa, etc, tudo isso levando em conta as questões econômicas.

2 – Equilíbrio entre iniciativa infantil e trabalho dirigido:

Aqui, percebe – se o papel do professor/recreador, que puxa para si a responsabilidade de planejar e orientar as atividades levando em conta a criança a descobrir uma relação de mediação entre ela mesma e o grupo a qual está inserida, aprendendo a respeitar e ser respeitada.


3 – Atenção privilegiada aos aspectos emocionais:

Nesta categoria, as atividades são elaboradas para respeitar a dinâmica da construção do conhecimento da criança e sua própria ação sobre o meio. Isso ocorre por exemplo quando há o intermédio nas questões das relações humanas ocorridas no cotidiano da sala de aula, nas dramatizações onde a criança vive diferentes personagens, etc.

4 – Utilização de uma linguagem enriquecida:

Esta proposta é diariamente estimulada, pois em todo momento ocorrem atividades intermediadas por músicas, histórias, etc, o simples ato de se expressar tanto verbalmente como corporalmente, fica evidente neste contexto visitado. A música acontece quando se faz uma atividade, quando se vai para as refeições, na higiene corporal, na hora do soninho, se ri, se chora, etc.

5 – Diferenciação de atividades:

No que diz respeito ao planejamento das atividades, este é feito de maneira a ser cumprido a risca sempre considerando as necessidades básicas de acordo com a faixa etária das crianças.

6 – Rotinas estáveis:

A rotina acontece todos os dias e está estruturada diversas vezes durante o dia, sendo que, alguns horários são pré-estabelecidos, são os que acontecem na chegada que deve ser com carinho, nas refeições, no banho, etc. já os horários flexíveis que envolvem apenas os alunos e o professor, esta ocorre quando há a chamada, jogos coletivos, contação de histórias rodinha, etc.

7 – Materiais diversificados e polivalentes.

Todos os itens desta categoria são utilizados pelo professor/recreador em sua prática diária, mas o recurso do jogo pedagógico foi pouco utilizado no período de tempo de estágio. Os exemplos que mais vi foram; construções de sucata que segundo a diretora valoriza a construção de conhecimento na criança.

8 – Atenção individualizada a cada criança.

Nas turmas visitadas, apesar do número de ser em torno de vinte, a atenção individualizada a cada criança é feita no que diz respeito a uma preocupação global procurando perceber a interação entre cada aluno e o grupo, a cooperação, partilha, atividades, etc.


9 – Sistema de avaliação, anotação, etc.

Nesta instituição, todos esses itens são cobrados e questionados das recreadoras como de qualquer professor do ensino regular. A cada dia estão registradas as ocorrências mais relevantes, já no berçário, os relatórios são muito detalhados e individuais, onde cada criança tem o seu diário com ocorrências de questões como; alimentou – se normalmente, choro, mordida, febre, entre outros.

10 - Trabalho com pais e mães e o meio ambiente.

A interação se dá quando os pais levam as crianças até suas salas, infelizmente, este não ocorre de maneira eficiente, pois, os pais ainda pensam na creche como um lugar para deixarem suas crianças e irem trabalhar, a direção procura dialogar e conviver com essas diferenças.


A diretora XXX, procura manter um bom relacionamento com os pais de seus alunos, sempre os acionando para colaborarem e estenderem ao ambiente familiar os exercícios que são desenvolvidos no ambiente escolar. Sempre que se percebe alguma variação ou peculiaridade nos seus alunos, recorre aos pais para investigar as razões e juntos buscarem soluções.


CONSIDERAÇÕES FINAIS.


Educação Infantil, primeira etapa escolar da vida humana, uma base... uma marca que ficará por toda a vida, uma preocupação primordial do futuro cidadão que se quer formar; identidades autônomas, conscientes, críticas, mas também felizes.

Pluralidades e singularidades a serem trabalhadas com responsabilidade, conhecimento e dedicação. Tudo bem planejado, organizado e ajustado as diferenças.

Relações familiares, ponto principal de mediação dessa engrenagem escolar que não pode se omitir nem ser esquecida.

E por fim, esse pequeno ser que desabrocha com entusiasmo e imaginação; cujo desejo é brincar, ser amado, ter atenção e cuidado; necessita de uma educação de qualidade que lhes transmita segurança como um pilar de apoio para uma estrutura de formação contínua humana.

Sendo assim, acreditamos que as instituições observadas, bem como seus profissionais também têm se esforçado para cumprir a árdua tarefa de base de uma educação calçada em princípios que privilegia a criança como ser pensante, capaz e transformador da sociedade em que vive.